Friday, April 01, 2005

Consciência – a história vista por dentro.



Apresentado por Maharishi University of Management.






A experiência altera o cérebro: uma apresentação feita por Dr. Fred Travis, Director do Centro Universitário para o Cérebro, Consciência e Cognição e autor de mais de 40 papeis de pesquisa publicados.


Dr. Travis:

Todas as experiências que temos deixam um rasto no cérebro. Quando estamos a observar um lindo pôr-do-sol isso está a deixar um traço, um rasto no cérebro, em termos de como as células no cérebro se ligam umas às outras. Todas as experiências que temos alteram o cérebro. Esta é a ideia em que gostaria que pensassem. Todas as experiências que temos são imprimidas de uma forma física na estrutura e funcionamento do sistema nervoso. E a forma como isto acontece é que quando vemos alguma coisa, quando pensamos, quando sentimos, são ligados entre si vários sistemas, várias células cerebrais são ligadas e “disparam” em conjunto, e quando elas “disparam” em conjunto a ligação que se estabelece entre elas, que se chama “sinapse” torna-se mais forte. Portanto o que estamos a fazer com cada experiência é que estamos a criar estas redes delicadas em todo o cérebro. E estas alterações que estão a acontecer no fim de um e no princípio de outro neurónio chamam-se “sinapses”. E o que acontece com as sinapses é que são onde a informação pode fluir de uma célula para outra célula, como áreas muito especializadas que se chamam “dendridic spines”, onde elas efectuam a recepção da informação de outro neurónio, e esse “dendrite spine” pode tornar-se maior, pode ficar mais pequeno, pode ter receptores especializados para diferentes neurotransmissores e isto está constantemente a mudar, num fluxo constante.

As experiências alteram sempre o nosso cérebro. O nosso cérebro não é uma estrutura estática, não é uma rocha. É mais como um rio. Está constantemente a mudar, todos os dias. Quando olhamos em detalhe para as ligações ponto a ponto entre as células cerebrais verifica-se que 70% das ligações entre células mudam todos os dias. 70%!

Ora isto tem uma implicação poderosa no campo da educação. A educação não é apenas aprender factos, aprender aptidões. A educação, a aprendizagem é em última análise um acontecimento biológico. É, de facto, uma alteração física que está a acontecer no nosso cérebro. E tudo o que acontece na Universidade, tudo o que acontece na Escola tem estes efeitos. A experiência universitária esculpe o nosso cérebro. E por experiência universitária quero dizer tudo, desde as relações de companheirismo com os outros à quantidade de trabalho que se tem, ao stress que se sente, à qualidade da comida, a qualidade do exercício físico… Tudo isto deixa o seu efeito, o seu rasto na nossa estrutura cerebral e no funcionamento do cérebro.

Uma experiência stressante cria ligações disfuncionais. O que acontece sob stress é o que se chama de “down shifting”. Numa situação de stress não temos que ser capazes de pensar de forma abstracta e planear para os próximos três anos… Apenas temos que lidar com o que está aqui e agora. Portanto, o que acontece é que a parte do cérebro que lida com o planeamento, com o pensamento abstracto, com a avaliação – as áreas frontais do cérebro – elas de facto são desligadas, ficam como que “off-line”, não estão envolvidas na experiência. Quando estamos sob stress é a parte posterior do cérebro, a área sensorial, que está muito activa, muito alerta, dando-nos o aqui e agora. Também o que está activo são as partes do cérebro que lidam com as emoções, a amígdala – que tem a ver com o medo – o hipocampus que tem a ver com a pressão emocional global. Os sensores de excitação estão em actividade máxima, e ficamos completamente dominados pela necessidade de ou fugir ou lidar com a situação. E isto é o que infelizmente acontece com os curricula de muitas universidades.

Os testes são provocadores de stress. Exames finais ao fim de uma semana em que se estuda as matérias de cinco disciplinas e depois há exames de 3 ou 4 horas não são de maneira nenhuma conducentes a uma boa aprendizagem. De facto conduzem mais ao esquecimento. E no final do curso não se ganha nenhuma informação. E infelizmente, no final da carreira universitária o que fica são muitas partes fragmentadas no nosso cérebro. Não se fica com uma totalidade. Não tivemos experiências que de facto tenham estimulado a totalidade do cérebro, que tenham estimulado e integrado especialmente estas áreas frontais, estas áreas de avaliação abstracta e de planeamento, com outras áreas do cérebro.

Portanto, como estudantes, devemos perguntar: quais as experiências que posso obter para de facto incluir estas áreas mais abstractas da zona frontal, estas partes de nós que podem planear e avaliar, que nos podem fazer ver-nos a nós próprios não como uma entidade isolada mas como parte de um sistema mais amplo.

Uma das experiências que descobrimos foi a prática da Meditação Transcendental. O que acontece durante a prática da Meditação Transcendental é que as áreas frontais, se tornam mais alerta, mais activas e as partes do cérebro que têm a ver com excitação e activação, estas áreas mais “baixas” tornam-se na realidade menos activas. O que ganhamos é um estado de totalidade em que a totalidade do cérebro está mais repousada mas, ao mesmo tempo, mais alerta. E o que é entusiasmante é que isto acontece não só durante a meditação como – lembremo-nos, a experiência altera o cérebro – e portanto, quando temos esta experiência durante a prática da MT, quando voltamos de novo para a actividade na escola, e depois meditamos à tarde e depois voltamos de novo para as aulas, etc., este ir e voltar, de facto, motiva o cérebro para começar a integrar estes dois aspectos, integrar o silêncio interior com o alerta e a capacidade para se concentrar e pensar e seguir o professor.

O que verificamos ao olhar para as alterações do cérebro é que, com o tempo, quanto mais for o tempo de prática desta técnica de MT, mais esses padrões do EEG, esses padrões de repouso em alerta começam a ser vistos durante a actividade, quando estamos fora da meditação. Isto tem benefícios incríveis e implicações para os estudantes. Quer dizer que quando nos sentamos para ouvir o professor vamos estar alerta, acordados, vamos poder seguir o que está a ser dito, e porque estes lobos frontais estão conectados, podemos fazer ligações muito profundas com outras matérias que estejam a ser dadas no curso. Toda a experiência educativa é diferente. E o que é mais importante é que o efeito na educação inclui que a experiência regular desta parte de nós que está em silêncio mas alerta, esta experiência que temos durante a prática Meditação Transcendental, passa a estar mais desperta, mais connosco, permanentemente, 24 horas por dia, sete dias por semana. O que fazemos, ao adicionar isto ao curriculum escolar é, de facto, mudar o nosso cérebro para ter mais totalidade, para ter mais abstracção, para ter uma visão mais larga. E o que verificamos, em termos muito concretos e mensuráveis é uma maior estabilidade emocional, compreensão mais alargada, maior independência de campo. Verificamos que nos tornamos mais capazes de tomar decisões, de perceber um maior número de elementos numa dada situação.

O que estamos a fazer na MUM, porque sabemos a importância de mudar o cérebro como objectivo chave para a educação, é desenvolver uma ficha de dados sobre a integração cerebral. É isso. Não estamos apenas a obter uma graduação normal, mas também uma graduação em integração cerebral. E, especificamente, recebemos uma graduação em quanto dessa integração cerebral se desenvolveu ao longo do tempo que passámos na nossa Universidade.